Desenvolvimento do pensamento criativo
Na sua raiz, a palavra escola, em grego, significava calma, espera e tranquilidade. Nesse tempo, considerava-se que encontrar a tranquilidade e atrever-se a esperar eram as condições necessárias para o desenvolvimento do pensamento criativo. Essa conceção assentava no pressuposto de que pensar leva tempo e exige uma atitude sossegada e um olhar amplo sobre a condição humana.
Na atualidade, os desafios com que nos confrontamos remetem-nos para a necessidade de revisitar a raiz da palavra escola, de modo a estimular o desenvolvimento de um pensamento novo, essencial para que o ser humano possa elevar-se acima do que já existe, descobrindo os parêntesis transgressivos, que podem ser designados como viveiros do novo.
A educação deve orientar-se no sentido de potenciar a criatividade para gerir o inesperado, através da tarefa mental de explorar possibilidades ainda por concretizar. O desenvolvimento da intuição, da imaginação, do conhecimento da tradição e da sensibilidade ética e cultural é fundamental para vislumbrar aquilo que ainda não existe e para nos ensinar a ter esperança.
Ser humano significa avançar com determinação em direção a um sítio que ainda não se materializou e que, assim que nos aproximamos, volta a afastar-se de nós. Isto cria um campo de tensão que não só devemos manter, mas também reafirmar, com o objetivo de poder gerar novidade. Só dentro desse campo de tensão podemos crescer, desenvolver-nos e sentir-nos parte do mundo e, por isso, diferenciar-nos das coisas acabadas.
Texto baseado em Martim Heidegger, Hanna Arendt, Ernest Bloch e Luis Pasteur